sexta-feira, 8 de julho de 2011

DISFAGIA

O ato de engolir começa na vida fetal. É uma ação automática, comandada pelo tronco cerebral, que serve para transportar o bolo alimentar para o estômago. Através da deglutição, o bolo alimentar vai da boca ao estômago, passando pela faringe e pelo esôfago. Na entrada da laringe, há uma válvula cartilaginosa chamada epiglote, cuja função é controlar a passagem do bolo alimentar para o esôfago e evitar que o alimento entre no sistema respiratório, para tanto essa válvula se abaixa, fechando a entrada da laringe. Quando respiramos, a epiglote permite que o ar entre na traquéia. Se o alimento entrar na laringe, ocorre o engasgo.

DEGLUTIÇÃONORMAL


O alimento é transformado em bolo através da mastigação;
Passagem desse bolo alimentar pela base da língua;
Trajeto do bolo pelo esôfago até o estômago. Esse é um processo complexo, dinâmico e rápido (cerca de 2s). Envolvendo variados movimentos musculares. Durante esse curto espaço de tempo, a entrada para as vias aéreas são protegidas pela epiglote, enquanto que a via do esôfago permanece aberta para a condução do alimento. Quando algo impede que o alimento passe de forma segura, confortável e eficiente pela via oral, tem-se uma disfagia; pode acontecer desde recém-nascidos e até idosos.
Disfagias – classificações:
Classificadas segundo causa e comprometimento das fases da deglutição.
Segundo causa:
  1. Mecânica: podem ser decorrentes de cânceres (pelo tratamento: retirada de partes de órgãos), traumas, infecções e próteses orais mal adaptadas;
  2. Neurogênicas: acidentes ou doenças no/do sistema nervoso central ou periférico: seqüelas de AVC, Parkinson, traumatismo cranioencefálico, paralisia cerebral, doenças degenerativas, entre outras.

Segundo as fases da deglutição:
  1. Oral: presente em casos de apraxia oral, paralisia unilateral da língua ou em indivíduos com próteses dentárias mal adaptadas;
  2. Faríngea: casos como paralisia faríngea e/ou laríngea ou laringectomias parciais;
3.                   Orofaríngeas: ocorre com freqüência nos casos de ressecções das estruturas da boca, especialmente nas glossectomias, laringectomias parciais horizontais com extensão da cirurgia para a base da língua, nas doenças neurológicas.

Alterações nos processos de deglutição comprometem a saúde geral – tanto nutricional quanto pulmonar –  impactando assim a qualidade de vida. Para que este tipo de problema seja tratado da melhor maneira possível, é preciso um diagnóstico cedo e rápido.

Materiais usados nos procedimentos de avaliação para disfagia:
Luvas para proteção do avaliador e como medida de higiene do paciente. Espátulas de plástico ou madeira para visualização das estruturas da cavidade oral e orofaringe;                                                                                              Lanterna ou qualquer instrumento para iluminação;                                       Colheres plásticas de diferentes tamanhos e modelos (chá, café, sopa);   Copos plásticos;                                                                                                 Seringas para controle dos volumes ofertados;                                           Paquímetro para abertura bucal máxima;                                                        Gaze para limpeza da cavidade oral e/ou oclusão da cânula de traqueostomia; Estetoscópio utilizado na ausculta cervical como importante instrumento na detecção de possíveis estases e penetrações/aspirações laríngeas.
Consistência dos Alimentos:
As consistências, assim como as quantidades e tipos de alimentos utilizados na avaliação clínica, variam de acordo com a necessidade do paciente.  Frequentemente são utilizadas as consistências líquidas, liquidas-pastosas, pastosas e sempre que possível as sólidas. Ao longo do tratamento, vão sendo substituídas umas pelas outras, começando sempre com o mais leve até o mais difícil de fazer: deglutir o sólido.
REABILITAÇÃO


                   As restrições de deglutição podem levar os indivíduos à privação do convívio social – pois causam constrangimentos frente a outras pessoas – podem dar evidência da evolução de certas doenças ou até mesmo ser consequências delas ou de algum acidente.   A reabilitação se torna essencial, na busca da qualidade de vida dessas pessoas e na reinserção nos núcleos de convívio social. O processo de reabilitação começa com uma anamnese, pois é preciso saber a etiologia da disfagia em questão e o quadro clínico geral do paciente. A seguir, é feita uma avaliação clínica detalhada da deglutição e, se necessário, a realização de exames complementares; assim, elabora-se um plano terapêutico. Ao fonoaudiólogo, cabe gerenciar todas as questões fonoaudiológicas envolvidas e, ao paciente, se possível, a noção da sua responsabilidade e papel ativo em sua própria reabilitação, cooperando e realizando os exercícios sempre que possível.
                  A reabilitação trabalha no comportamento e funcionamento do organismo e tem por objetivo normatizar, adaptar ou compensar a função da deglutição, com o intuito de evitar ao máximo as complicações causadas pela disfagia.  Reabilitar inicia com a realização de manobras posturais, a deglutição possível para o momento, os exercícios facilitadores, a higienização oral e os exercícios que objetivem melhorar o controle oral do paciente. Após essas manobras inicias de cuidado com o paciente e considerando suas condições, é escolhido qual tipo de terapia será usada; se a indireta (sem oferecimento de bolo alimentar) ou se a direta (com oferecimento de bolo alimentar). No caso da terapia direta, são utilizadas manobras de aumento do input sensorial, com base nas características do bolo e o tipo de utensílio utilizado.
                  O objetivo da terapia deve ser alcançar independência funcional, seja motora, comunicativa ou alimentar e conquistar uma alimentação eficiente de acordo com a possibilidade de cada caso, a fim de garantir que as atividades rotineiras sejam realizadas com funcionalidade. A atuação fonoaudiológica deve basear-se na busca da qualidade de vida e na orientação de pacientes, familiares ou cuidadores, para tanto procura maximizar possibilidades, prevenir e/ou eliminar situações de risco (aspiração, desnutrição), na procura de proporcionar o maior prazer possível no processo de alimentação.
A placa de resistência é colocada nos vestíbulos bucais frontais e a terapeuta puxa, propiciando que o paciente contraia os músculos para vedar os lábios.O haltere varia o peso, a haste é colocada entre os lábios e o paciente deve segurá-la apenas com os lábios.

Referências

 Jotz, Geraldo Pereira. Angelis, Elisabete Carrara de. Barros, Ana Paula Brandão. Tratado de deglutição e disfagia  no adulto e na criança. 1ª Ed. 2009. Rio de Janeiro: Revinter.

Giannini, Maria Luisa Barbosa. Tratamento fonoaudiológico da disfagia e a prática da bioética. 2007. Rio de Janeiro: Revinter.
 
 Filho, Evaldo Dacheaux de Macedo. Gomes, Guilherme F.. Furkim, Ana Maria. Manual de cuidados do paciente com disfagia. 2000 São Paulo: Lovise


Conselho e Ética - FONOAUDIOLOGIA

O Conselho de uma profissão é um órgão responsável pela participação e pelo controle social, que tem como função primária defender a sociedade dos maus profissionais e, ao fiscalizar a atuação dos profissionais e das instituições, o Conselho garante aos bons profissionais não precisarem conviver profissionalmente com profissionais antiéticos e desrespeitosos aos princípios de sua formação. Também é atribuição do Conselho fiscalizar o cumprimento do juramento profissional.
Os Conselhos de Fonoaudiologia estão divididos entre o Federal e os Regionais (separados em oito regiões no Brasil inteiro). A criação dos Conselhos foi determinada pela lei 6965/81 que, dentre outras providências, dispõe sobre a regulamentação da profissão de fonoaudiólogo.
Dentre tantas funções, o Conselho Federal de Fonoaudiologia cuida dos assuntos relacionados à profissão: orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da mesma. Essas funções são executadas pelas comissões que são obrigatórias e estão sujeitas a regras as quais orientam também o serviço público: COFI (Comissão de Orientação e Fiscalização) e COE (Comissão de Ética). É considerável ressaltar que cada conselho possui uma importância diferente frente aos direitos e às obrigações da profissão de Fonoaudiólogo; enquanto o Federal é o órgão que faz as resoluções (leis) e se preocupa com a normatização delas, o Regional é criado pelas portarias e não tem poder de Lei.
A seleção para entrada nos conselhos também se dá de forma diferente: no Federal o voto é indireto, por colégio eleitoral integrado de um representante oriundo de cada Conselho Regional. No Conselho Regional, a eleição se dá pelo sistema de voto direto, por meio do voto secreto e obrigatório dos profissionais inscritos no Conselho. Porém os Conselhos convergem no período de mandato, tanto no Federal como no Regional, o mandato é de três anos.
Uma forma dos fonoaudiólogos poderem contribuir com os Conselhos é através da participação nas reuniões e nas ações propostas ou ainda como membros de grupos de trabalho. Os grupos de trabalho são formados para discutirem algum assunto específico e, para tais, os fonoaudiólogos podem também ser convidados. É sempre importante ressaltar que a divulgação da Fonoaudiologia é nosso dever e, portanto, devemos contribuir com os conselhos que se preocupam em fazer da Fonoaudiologia uma profissão cada vez mais humanizada e seguidora dos padrões de ética.
O código de ética da fonoaudiologia é o responsável por regulamentar os direitos e deveres dos fonoaudiólogos inscritos nos Conselhos de Fonoaudiologia. Ao Conselho Federal cabe observar o cumprimento dos princípios presentes no código, o não cumprimento pode acarretar penalidades previstas pela legislação em vigor. Os princípios gerais são: portar-se com comportamento digno, promover a coletividade, a harmonia e estar permanentemente em plenas condições para o desempenho das atividades.
Entre os direitos previstos aos profissionais, está o de não ser descriminado e, desta forma, manter sua autonomia para atuar e realizar os procedimentos que cabem à profissão, como, por exemplo, realizar o pedido de um exame específico ou emitir laudo. Permanecendo nos direitos do fonoaudiólogo, a ele é também reservada a liberdade de opinar e se manifestar sobre causas que envolvam a defesa da classe profissional. Entretanto, da mesma forma que lhe cabem direitos, também aos profissionais cabem responsabilidades, as quais começam por respeitar o código de ética e as normas dos conselhos, promover o bem-estar dos pacientes, familiares ou cuidadores, responsabilizar-se pelos atos praticados e respeitar a privacidade e o ritmo do cliente; tudo quanto estiver contra esses princípios é considerado uma infração ética. O Código estabelece os direitos e os deveres da prática na ética da profissão no que tem relação aos seus colegas, aos clientes, ao ambiente acadêmico, de pesquisa e da publicação, bem como a questão da remuneração e divulgação dos serviços.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Fonoaudiologia

Ciência que tem por objetivo a pesquisa e o estudo dos métodos e técnicas de prevenção, promoção e terapia, realizados na comunicação oral e escrita, audição, voz e deglutição, sendo extremamente útil ao desenvolvimento do ser humano.
A  fonoaudiologia como auxiliar do desenvolvimento infantil engloba o desenvolvimento (motor, oral, cognitivo e lingüístico) normal e patológico da criança, que são noções importantes para a estimulação correta em cada idade. Além disso, auxilia na prevenção de problemas que possam surgir e no tratamento precoce de bebês, podendo, inclusive, auxiliar e acompanhar – não apenas o bebê, como também a lactante –  desde a amamentação.  
Através de avaliações com técnicas especializadas, pode-se detectar o período do desenvolvimento em que a criança se encontra e se está ou não condizente com o esperado para a idade.  A partir da avaliação, se necessário, pode-se iniciar o atendimento fonoaudiológico com o objetivo de estimular ou aprimorar as funções não adquiridas ou não corretamente desenvolvidas detectadas na avaliação. O fonoaudiólogo também pode realizar um aconselhamento, a fim de orientar os pais ou cuidadores a lidar com a situação e a auxiliar durante o período de aquisição e/ou reestruturação das habilidades do familiar.  
Muitas crianças apresentam respiração oral, o que não é benéfico para a saúde, o desenvolvimento corporal e o processo de aprendizagem. Nestes casos, o profissional de fonoaudiologia pode atuar na melhora da coordenação respiratória e sua funcionalidade.
Fonoaudiólogos atuam desde tratamento com bebês até com idosos, pois durante todo o ciclo vital podem aparecer alterações (neurológicas ou externas), que prejudiquem a voz, a respiração, a mastigação, a expressão facial, a linguagem e a deglutição.
Terapias fonoaudiológicas são extremamente úteis também a pacientes com síndromes, deficiência mental, paralisia cerebral, psicose infantil, câncer de laringe, traquéia, esôfago, doenças degenerativas, deficiência auditiva, fissura lábiopalatino,queimaduras de cabeça e pescoço e em avaliações audiológicas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A História da Fonoaudiologia no Brasil!

       Não muito diferente dos dias atuais, acreditava-se, na década de 20, que através da educação a mudança social poderia surgir. As diferentes etnias e também as diferenças regionais agravaram o caráter heterogêneo da língua - o que na época foi visto como um
problema social -, e mais tarde na década de 90, foi abordado no livro Preconceito Linguístico de Marcos Bagno como apenas uma aceitável variedade da língua.
 A necessidade vigente da uniformização da língua somada aos distúrbios de comunicação levou médicos, educadores
e agentes públicos ao consenso de que na escola poderia estar o maior público destes problemas, unidos criaram projetos de reestruturação das bases de ensino e, aliados à isso, iniciaram pesquisas em reabilitação dos distúrbios da voz e fala, bem como cursos de orientação aos professores com o objetivo de criar a imagem do brasilerio-padrão.
      Na década de 30, vinculado ao ensino pedagógico e as terapias médicas iniciou-se a idealização da profissão. Esses projetos e interesses foram à pratica efetiva nos anos 50, quando surgem os movimentos para habilitação sistemática em terapia da palavra, estudos no campo da linguagem, afasias – problemas da linguagem com origens neurológicas -, profissionais do teatro precursores na reabilitação dos problemas da voz e também do aprimoramento das técnicas vocais.
       Em seguida, iniciou-se o curso para formação em
logopedia – termo em espanhol para o que mais tarde seria fonoaudiologia – inicialmente oferecido como um tecnólogo na Sociedade Pestalozzi do Brasil no Rio de Janeiro.
Posteriormente, em 1960 na Universidade de São Paulo, em 1961 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – duração de 1 ano - e na Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul com duração de dois anos .

       Os cursos em nível de bacharel criados nos anos 70, levaram a reflexões para firmar a formação do fonoaudiólogo na luta pelo reconhecimento como profissional autônomo, apto a atuar sem a dependência do médico, psicólogo, lingüista, professor de fonética ou qualquer outro profissional, mas sim, desenvolvendo um trabalho em equipe interdisciplinar.
      Entretanto, para isso era necessária a aprovação do plano do curso de  fonoaudiologia e do currículo mínimo, tais conquistas que se deram em 1976. Já a profissão foi regulamentada pelo Ministério da Educação e Cultura sob a Lei Federal nº 6965 de 9 de dezembro de 1981, (data que oficializou o dia do fonoaudiólogo).
Na década de 80, criaram-se os órgãos da classe: o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, que atualmente são divididos em oito regiões – veja o gráfico ao final do texto. Em 1990, dada a expansão do número de profissionais nas regiões, foi necessário o surgimento dos sindicatos para fiscalizar a profissão. No mesmo período foi criada a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), o que incentivou e difundiu os trabalhos científicos na área e também instigou a publicação de livros e revistas oriundos de especialistas da área no Brasil.
     Como todas as demais graduações, a fonoaudiologia não deixou
de se expandir. A educação continuada latu sensu (pós-graduação) e stricto sensu (mestrado ou doutorado) tem elevado desde seu surgimento o nível de conhecimento e qualificação profissional.
Nos anos 1980, os fonoaudiólogos realizavam suas pós-graduações em áreas adjacentes: lingüística e psicologia, por exemplo.
     Os primeiros trabalhos específicos da fonoaudiologia abordaram a área dos Distúrbios da comunicação Humana. Em 1992, a UFSM foi precursora no curso de Mestrado sobre Comunicação Humana. As primeiras divisões de áreas de atuação foram a audiologia e a linguagem. Em 1996, o Conselho Federal estabeleceu quatro áreas de especialidades: audiologia, voz, motricidade oral e linguagem.
Tal divisão acarretou algumas críticas devido a não contemplação de todas as áreas as quais diversos currículos já abordavam. Todo o percurso trilhado no surgimento, na definição, nas abrangências, na expansão do público-alvo contribuíram para aperfeiçoar o perfil do profissional.Atualmente há 3 novas especializações: saúde coletiva, fonoaudiologia escolar e disfagia ( que antes ficava na especialidade de motricidade e agora atingiu independência ) e assim se contemplam todas áreas envolvidas na ciência do saber fonoaudiológico.